Em entrevista ao Blog de Geovaldo Carvalho, ex-colunista no Jornal A União, o ex-governador da Paraíba fala sobre seu dia-a-dia nos Estados Unidos, descarta deixar a vida pública e afirma que nenhum de seus filhos está interessado, no momento, na política partidária.
CÁSSIO FALA DA ROTINA E PROMETE DISPUTAR EM 2010 Ele acorda às 7 horas, prepara o café e, mochila nas costa, caminha 12 minutos até a escola onde passa dia. Almoça entre professores em restaurantes de comida rápida em Cicinnatti. À tarde retorna, não raro, com dever de casa a cumprir, como numa imersão repentina na sua vida de estudante em Campina Grande, cidade que governou por três mandatos e, consagrado, dela saiu para administrar o estado por duas vezes. Sim estamos falando do ex-governador Cássio Cunha Lima, que conta, nesta entrevista exclusiva ao Blog do Geovaldo, sua rotina nos Estados Unidos. Não, não! Se o leitor espera que a conversa entre no varejo da política, tipo “quem apóia quem”, é melhor parar. A abordagem é sobre a figura humana, suas conquistas, suas perdas, suas expectativas sobre o momento e o futuro. Ver-se-à um Cássio reflexivo, falando de sua vida pessoal, exaltando Silvia, sua mulher pela formação dos filhos,que dificilmente seguirão os passos do pai, enveredando pela carreira política. Mas, igualmente, um Cássio determinado, garantindo que estará no pleito de 2010 para se “submeter ao julgamento soberano do povo paraibano”, porque, como se autodenomina nesta própria entrevista, é e sempre será um determinado.
A entrevista a seguir: - Já está com inglês afiado? Além da língua, está se aprimorando mais em quê? Cássio Cunha Lima - Completei o primeiro mês de aula esta semana. Pouco tempo ainda para quem tinha, como eu, apenas uma pequena base de inglês. A metodologia do curso é boa.
Tenho aulas de segunda-feira a sábado , e creio que até o final terei melhorado bastante. Tenho, ainda, procurado conhecer o sistema de gestão dos americanos, com especial olhar para segurança publica. Em breve, após dominar melhor o inglês, pretendo fazer um estudo especifico sobre água e meio ambiente em uma das grandes universidades daqui. - Como é seu dia-a-dia nos Estados Unidos ? CCL - Acordo todos os dias às 7 horas. Preparo meu café no próprio quarto do hotel e saio para a escola às 8:30 min. Vou caminhando. São 12 minutos de caminhada. Às 9 horas começa a aula que vai até às 16 horas , com um intervalo pela manhã e um outro a tarde. O almoço é na companhia dos professores em um dos inúmeros restaurantes de comida rápida existentes em Cincinnatti. A cidade é agradável e tranquila. Mas os sinais da crise são visíveis aqui. Muita gente pedindo dinheiro na rua , casas abandonadas e prédios invadidos nos bairros periféricos. Mas fico apenas na parte central da cidade que é absolutamente segura. - Cássio, você desde a juventude, o destino lhe jogou nas mãos responsabilidades políticas. Deputado mais novo da Constituinte de 1986. De lá para cá inúmeros mandatos, inclusive duas vezes governador. Como é acordar hoje como um simples estudante? CCL - Olha, tem sido maravilhoso voltar a viver como estudante. É tempo de aprendizado , amadurecimento e crescimento pessoal. Mochila nas costas , livros , cadernos e até dever de casa. Uma volta ao tempo. Renasce em meu coração sentimentos e emoções que estavam guardados ha muitos anos. Lembro-me do meu caminho da Solon de Lucena para o Regina Coeli . Recordo-me dos bons tempos do Colégio São Vicente de Paula no Rio. Vem forte a lembrança a época boa da universidade e o período inesquecível na nossa UEPb. - A sua carreira política é exemplar. Sempre que disputou o voto teve a chancela popular. Isso tem um custo. Na sua vida pessoal, houve perdas em decorrência dessa trajetória? CCL- As perdas na vida pessoal são sempre inevitáveis na minha atividade.Perdas com a família e a convivência com os verdadeiros amigos. Diogo, Marcela e Pedro são filhos maravilhosos. Mas não pude acompanhar o crescimento deles como desejava. É um déficit emocional profundo e irreparável. Silvia teve um papel fundamental na formação de cada um deles. Agradeço a Deus pelos filhos que tenho, pela família que possuo. Somos todos muito unidos, sentimos amor um pelo o outro e isso é para sempre. - Na família Cunha Lima, a política é tradição. Na família Cássio, quando um herdeiro pisará no palco? E quem será ele; Pedro, Diogo ou Marcela? CCL - Nenhum dos meus filhos demonstra interesse pela política partidária. São todos conscientes da importância da vida publica. Sempre foram absolutamente solidários com a minha luta e compreenderam minhas ausências. Mas a política vive um momento muito difícil que desestimula a maioria dos jovens dela participar. Diogo e Marcela já estão formados e trabalham em suas atividades privadas. Pedro cursa Direito e estará assumindo no futuro o escritório que constitui. - Você algumas vezes, desiludido com vicissitudes que o mundo político impõe, pensou em parar? Você já pensou em ativar, para a profissão, aquele jovem advogado formado na Universidade Estadual da Paraíba? CCL - Parar a atividade publica não cogito neste instante. Em 2010 desejo ser submetido ao julgamento , sempre soberano , do povo da Paraíba. Quero introduzir o debate sobre a soberania do voto popular. Nossa democracia passa por uma grave ameaça com a atual judicialização das eleições. Não responsabilizo o Judiciário por isso, mas sim o Congresso Nacional que produziu uma legislação que retira da mão do povo o poder da decisão final. Este é um debate que o Brasil terá que enfrentar. A minoria não pode Governar numa democracia verdadeira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário