7 de agosto de 2009

Em longo discurso, Lula evita mencionar crise no Senado

Depois de passar uma semana inteira em articulações para conseguir reduzir a crise do Senado - que tem como centro o presidente da Casa, José Sarney -, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou mencionar o assunto no discurso de uma hora e dez minutos que fez nesta sexta-feira no encerramento de um simpósio internacional sobre políticas sociais, em um hotel de Brasília.

Lula, no discurso, deu ênfase à parte de sua política de governo que identifica como opção preferencial em favor dos pobres. "A gente não deve temer de que lado a gente está", disse. "Sei de onde vim e sei para onde vou voltar. Sei dos companheiros que fiz. Eu não tenho problema de dizer que, embora governe para todos, são os pobres que têm (minha) preferência", afirmou.

O presidente afirmou que, durante seu governo, foram criados dez milhões de empregos em cinco anos. Em seguida, comentou que hoje não vê mais preconceito contra ele por sua origem operária. "Depois que eu virei o amigo do cara, as pessoas não têm mais preconceitos contra mim", disse, em uma referência bem-humorada à atitude do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que, em abril, o elogiou, em Londres, numa reunião do G-20, afirmando: "Este é o cara" e "é o político mais popular do mundo."

Ainda no discurso, Lula reclamou do fato de estar sendo processado na Justiça Eleitoral por ter dito, em uma viagem recente, que uma mulher seria presidente do Brasil e, em seguida, ter entregue uma rosa à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Se for assim, estou desgramado com a quantidade de protesto que vou enfrentar", disse. A uma plateia formada na maioria por mulheres, o presidente pediu - de novo em tom de brincadeira - que, "para confundir todo mundo", sempre que ele mencionar que uma mulher será presidente do País, todas digam que ele está-se referindo a cada uma delas.

Lula, no discurso, comentou até reportagem de televisão sobre briga em restaurante por causa da proibição de entrada de cachorros. "Ontem à noite, eu vi num programa de televisão uma briga. As pessoas tentavam levar o cachorro para o restaurante, mas outras diziam 'não vai entrar cachorro aqui'. Fico pensando se isto é evolução ou não." Em seguida, contou que, em Munique, na Alemanha, esteve em um restaurante no qual as pessoas entravam com cachorros.

Renan ameaça oposição e Senado tem pior dia de sua crise sob Sarney

Renan usa leitura da representação contra Virgílio para provocações a tucanos e tem ríspido bate-boca com Tasso
Um movimento da oposição, que insistiu ontem no afastamento de José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Senado, incendiou o plenário e transformou a quinta-feira no pior dia da crise política da Casa. O agravamento da crise aconteceu após um dia de negociação entre setores da oposição e do PT para tentar enterrar a denúncia do PMDB contra o líder tucano, Arthur Virgílio (AM) - em troca, a oposição garantiria a permanência de Sarney no posto.

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Ontem, o Senado lembrou os tempos de paralisia que tomaram conta da Casa entre 2000 e 2001, na crise decorrente do confronto entre Jader Barbalho e Antonio Carlos Magalhães - que terminou com os dois renunciando aos cargos para evitar a cassação dos respectivos mandatos.

Irritado com a insistência da oposição em pedir o afastamento de Sarney, o líder do PMDB, Renan Calheiros (PMDB-AL), transformou a leitura da representação contra Virgílio em um discurso recheado de provocações e ameaças à oposição, dirigidas principalmente à bancada tucana. No fim do discurso aconteceu o bate-boca.

Renan Calheiros e Tasso Jereissati batem boca no Senado

Briga começou com peemedebista apontando dedo para tucano, que pedia retirada de manifestante na tribuna.

Os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Tasso Jereissatti (PSDB-CE) travaram um agressivo e tumultuado bate-boca no plenário da Casa no fim da tarde desta quinta-feira, 6, depois que Renan, líder do PMDB no Senado, pediu a cassação do líder tucano, Arthur Virgílio (AM), por quebra do decoro parlamentar.

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A briga fez com que o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), interrompesse por alguns instantes a sessão, e a TV Senado suspendeu momentaneamente a transmissão da reunião.

O tumulto começou assim que Renan terminou o pronunciamento e retornou à sua cadeira. Nesse momento, um estranho invadiu a tribuna e passou a fazer declarações de apoio a Renan. O senador Tasso pediu a Sarney que o manifestante fosse retirado. Renan, por sua vez, passou a defender a permanência do mesmo e, enquanto falava, apontava um dedo para o senador cearense. Começou o bate-boca:

Tasso Jereissati: "Eu pediria, senhor presidente, duas coisas. Primeiro, que fosse dado ao senador Artur Virgilio o mesmo tempo que foi dado ao senador Renan em função das graves colocações, graves e agressivas colocações que foram ditas. Outra coisa senhor presidente, existem manifestações aqui nessa Tribuna de Honra, eu pediria que retirassem esse senhor aqui que está fazendo constantes manifestações, porque não está de acordo com o regimento."

Renan Calheiros: "A respeito da manifestação do senador Tasso Jereissati. Essas crises acontecem por isso, porque é a minoria com complexo de maioria. Quer expulsar agora um cidadão que está aqui participando de uma sessão que infelizmente é uma sessão história do Senado Federal"

Tasso: Que me desculpe senador Renan. Senador Renan, não aponte esse dedo sujo pra cima de mim! Não aponte esse dedo sujo pra cima de mim! Estou cansado de suas ameaças"

Renan:"Esse dedo sujo infelizmente é o de Vossa Excelência. São os dedos dos jatinhos que o Senado pagou"